terça-feira, 1 de março de 2011

A intermediação da informação em outro patamar

Não existe informação sem intermediários. O que está acontecendo é uma mudança radical na intermediação da informação. Passamos a trabalhar um degrau acima.

Muita gente fala em desintermediação com a chegada da rede digital. Andei falando nisso um tempo, mas já passou.

O fenômeno informacional precisa de intermediários. Não existe informação sem intermediários.

Um pássaro voando não é informação, até que alguém transforme-o na dita cuja. Veja a fábula do boi no pasto que fiz aqui.

O que está acontecendo é uma mudança radical na intermediação da informação em:
  •  Quem faz
  •  E como faz
 No mundo 1.0 (antes da rede digital) havia profissionais que detinham o poder de selecionar os documentos, disponibilizá-los em dado local, de difícil acesso e permitir pessoas a acessá-los; eram os “reis do documento preto”. (Assim como depois da Idade Média os padres perderam a vez para as editoras, que se transmutaram em rádio, tevê….)
 
Eram eles que tinha a função de selecionar, representar e disponibilizar os documentos para os usuários, que ficavam a mercê destes talentos para achar no tempo devido o que procuravam.
 
Essa intermediação que foi um sucesso inegável nos últimos séculos ficou lenta demais para o tamanho da nossa população.

A base da informação de qualidade é uma harmonia entre volume, tempo e custo. Nenhum destes fatores pode sair de uma taxa razoável. O mundo 1.0 passou a fornecer uma informação cara, demorada num volume cada vez maior. Deu zebra!
 
A rede digital vem corrigir o macroambiente informacional, aumentando o volume cada vez mais, mas reduzindo o tempo e baixando o custo.

Como? Hoje está tudo a um clique. Economizamos para chegar na informação que queremos.

Entram as ferramentas de buscas, que dão relevância a partir da procura dos usuários. O usuário passa a participar de forma mais efetiva na qualificação, inclusão, representação da informação.

O profissional de informação deixa de ser o “dono da representação” e da chave do cofre e passa a ser um administrador da plataforma para ajudar a comunidade a incluir e representar, preservando um passado arquivístico importante.

Facilita a cópia e a alteração dos documentos, transformando-os de sólidos em líquidos. O mundo 2.0 precisa assim ser mais rápido e mais barato ao lidar com tanta informação. Não há mais espaço para um intermediário 1.0, que ficava censurando, protegendo, guardando a informação.

Porém, não se perde o papel de uma intermediação mais sofisticada que possa ampliar o significado, pois, ao mesmo tempo que barateamos o custo e aumentamos a velocidade, também, com a rede, multiplicamos, em muito, o volume.

Assim, um intermediário 2.0 salta de um produtor de informação para um gestor de comunidades produtoras/consumidoras de informação. Passamos trabalhar um degrau acima.

Um médico é também um gestor das informações que seus usuários obtém no Google. Um jornalista tem também que aprender a fazer seu trabalho, absorvendo o material dos leitores, bem como seus comentários. É um novo intermediário mais sofisticado.

O profissional da informação, pelo seu lado, passa a ser o responsável por criar e administrar as plataformas que a interação dessas comunidades digitais em rede.

A forma como elas vão ser estruturadas e concebidas ajuda ou atrapalha a relação dos intermediários.

Peguemos o caso do Facebook. O usuário troca o que quer, desde que seja no molde que o pessoal de informação do Facebook definiu. Ou seja, o Facebook é a plataforma 2.0, assim como o Twitter é uma plataforma que define como as trocas vão se dar entre os novos intermediários.

Os grandes seguidos e a massa de seguidores, criando uma ecologia mais democrática, mais meritocrática e mais compatível com as demandas informacionais em curso.

Porém, é uma ilusão falar em mundo desintermediado informacional, mas em um novo tipo de indermediação. Pode-se até dizer que pulverizamos mais a intermediação. Mas ela sempre existirá. Que dizes?

 Fonte: Webinsider

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