sexta-feira, 28 de maio de 2010

Livros didáticos no lixo

Centenas de livros didáticos novos foram encontradas nesta quinta-feira em um barracão da Cooperativa de Reciclagem em Colina, a 399 km de São Paulo, na região de Ribeirão Preto. O material impresso em anos anteriores a 2010 faz parte do Programa Nacional do Livro Didático do governo federal e foi flagrado pela reportagem da EPTV prestes a ser reciclado pelos catadores. Em uma parte dos livros que ainda estavam embalados era possível identificar uma nota endereçada a escola municipal José Venâncio Dias. A diretora não quis comentar o assunto. Segundo a secretária da Educação, Elizabeth Melani Neme, o material foi distribuído pelas editoras, mas não chegou a ser usado pelos alunos. Como estava ultrapassado, foi doado para entidades assistenciais de Colina e levado pelo caminhão que faz a coleta do lixo reciclável na cidade. Por telefone, a coordenadora geral do Programa de Livros do Ministério da Educação, em Brasília, Sonia Shuartz, disse que a sobra do material deveria ter sido comunicada ao Ministério. Segundo ela, esses livros poderiam ter sido utilizados em outras cidades do país.

Fonte: PublishNews

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Robert Darnton e a utopia possível das bibliotecas e livros digitais

“Pense no livro. Sua resistência é extraordinária. Desde a invenção do códice, por volta do nascimento de Cristo, provou-se uma máquina maravilhosa – excelente para transportar informação, cômodo para ser folheado, confortável para ser lido na cama, soberbo para armazenamento e incrivelmente resistente a danos”, escreveu o historiador Robert Darnton no recém-lançado A questão dos livros: passado, presente e futuro (Companhia das Letras, tradução de Daniel Pellizzari). E completa: o livro “não precisa de upgrades, downloads ou boots, não precisa ser acessado, conectado a circuito ou extraídos de redes. Seu design é um prazer para os olhos. Sua forma torna o ato de segurá-lo nas mãos um deleite. E sua conveniência fez dele a ferramenta básica de saber por milhares de anos, mesmo quando precisava ser desenrolado para ser lido (na forma de rolos de papiro, diferentemente do códice, composto de folhas reunidas por encadernação).”

A frase poderia sugerir que A questão dos livros é um libelo em defesa dos livros em papel – o que não deixa de ser –, mas a obra de Darnton é também uma instigante série de ensaios e reflexões baseadas em diversas experiências do autor com a criação de projetos de livros, coleções e bibliotecas digitais. O historiador coordenou uma pioneira iniciativa, o projeto Gutemberg-e, de editar uma coleção de teses de história em formato digital junto à American Historical Association e em vários dos ensaios discute desde o status acadêmico deste tipo de edição (em um universo que continua a privilegiar os livros impressos) até questões de preço, distribuição e direitos autorais.

Como ex-diretor da Biblioteca de Harvard (pioneira em arquivar informações geradas digitalmente), mostra as possibilidades de criar bibliotecas digitais públicas e as insuficiências e dilemas colocados pelo projeto do Google de reunir a maior biblioteca virtual do planeta. Com isso, A questão dos livros é um guia para entender os dilemas intelectuais, editoriais, éticos e comerciais que envolvem não apenas o projeto do Google, mas a própria existência física de acervos textuais e livros cuja preservação tem estado em risco frente às ilusórias (até agora) vantagens do armazenamento digital.

Um dos aspectos mais interessantes dos ensaios de Darnton é que ele propõe uma reflexão sobre o que seria efetivamente um livro digital, editado em camadas, que abrangeria leituras e interesses distintos. O que se observa hoje é muito mais uma corrida para transformar livros impressos em arquivos eletrônicos que possam ser lidas em máquinas cada vez mais amigáveis à leitura, e menos a busca de inventar de fato o livro digital, refletindo sobre o que pode mudar do ponto de vista da produção intelectual do texto (em qualquer campo), da sua edição, da leitura e assim por diante.

Assim, por exemplo, uma tese de ciências humanas criada digitalmente poderia ter como primeira camada uma exposição concisa do tema. A camada seguinte conteria versões expandidas de diferentes aspectos do mesmo argumento. Uma terceira camada poderia apresentar documentos, textuais, iconográficos ou sonoros acompanhada por ensaios interpretativos. Uma quarta camada seria teórica ou historiográfica, com seleção de trabalhos anteriores e discussões. Uma quinta seria pedagógica, com sugestões para debates em salas de aula e módulos de ensino. Uma sexta apresentaria a correspondência entre o autor e o editor sobre a obra, cartas de leitores e a possibilidade de se expandir à medida que o livro fosse sendo lido e criticado.

“Este novo formato de livro traria à tona um novo tipo de leitura”, escreve Darnton. “Longe de deplorar os modos eletrônicos de comunicação, quero explorar as possibilidades de aliá-los ao poder desencadeado por Johannes Gutenberg há mais de cinco séculos”, escreve Darnton, para quem a era digital abre possibilidades realmente novas de se implantar a utopia da “República das Letras” imaginada no século 18.
 
Fonte: PublishNews

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A leitura na era digital

No último dia do Encontros Estadão & Cultura, evento que desde quarta-feira vem levando os assuntos do caderno Link para a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o assunto é a leitura na era digital. Antes restritos a iniciativas isoladas e presos à desconfortável tela do computador, os ebooks começaram a ganhar espaço após a comercialização de aparelhos como o pioneiro Sony Reader e o Kindle, da megastore virtual Amazon. No começo desse ano, com o lançamento do iPad e de uma loja própria de livros digitais (a iBook Store), a Apple deu novo fôlego ao mercado.

Apesar de ainda representarem uma fatia pequena dos lucros, os e-books já agitam editoras, escritores e todos ligados ao mercado de livros. Para o diretor de programação da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Flávio Moura, “aos poucos essa discussão sobre leitura digital está se afastando de previsões catastróficas de que tudo vai acabar ou que o bom mesmo é o cheiro do papel” e começando a tocar nos pontos que realmente importam: modelo de negócios de editoras, linguagem e uma popularização maior da literatura.

Serão justamente esses os temas que ele, o diretor do Instituto Moreira Salles Samuel Titan e o editor do Link Alexandre Matias tratarão no fechamento do evento, que começa às 12h30 e pode ser acompanhado no Twitter pela hashtag #estadaonacultura. A entrada é gratuita.

Para o editor do Link Alexandre Matias, o debate fecha uma série bem sucedida. “O evento tem saído melhor do que a gente imaginava e muito devido à participação do público, o que justifica a própria existência do evento. E a repercussão não acontece apenas durante os debates, mas também na internet”, diz.

Fonte: Estadão

terça-feira, 4 de maio de 2010

Brasil tem 2,67 bibliotecas para cada 100 mil

Pesquisa da FGV avaliou todos os municípios brasileiros e serve como pista para a criação de novas políticas públicas


Amplo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas a pedido do Ministério da Cultura aponta que 79% dos municípios brasileiros têm ao menos uma biblioteca pública. Isso quer dizer que existem 4.763 unidades espalhadas por 4.413 cidades e elas atendem a uma população de nada menos do que 190 milhões de habitantes. Em 13% dos casos, elas ainda estão em fase de implantação ou de reabertura e em 8% estão fechadas, extintas ou nunca existiram. Considerando aquelas que estão funcionando, são 2,67 bibliotecas por 100 mil habitantes.

Quando se chega a esse dado, Tocantins é destaque. Lá, são 7,7 biblitecas por 100 mil habitantes. Entre as cidades, Barueri é a campeã, com 4,07 unidades. Outros dados interessantes: as bibliotecas emprestam, em média, 296 livros por mês e têm acervo entre 2 mil e 5 mil volumes (35%). O acervo da maioria é constituído por doação (83%). Quase a metade possui computador com acesso à internet (45%), mas somente 29% oferecem este serviço para o público. Os usuários frequentam o local quase duas vezes por semana e utilizam o equipamento preferencialmente para pesquisas escolares (65%). Quase todas as bibliotecas funcionam de dia, de segunda a sexta (99%), algumas aos sábados (12%), poucas aos domingos (1%). A maioria de seus dirigentes são mulheres (84%) e têm nível superior (57%). Espera-se que o mapeamento leve a mudanças.
Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasileiros. Em 4.905 municípios foram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de funcionamento de BPMs (biblioteca pública municipal), no período de setembro a novembro de 2009. Os 660 municípios restantes - identificados sem bibliotecas entre 2007 e 2008 pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e atendidos pelo Programa Mais Cultura com a instalação de BPMs - foram pesquisados por contato telefônico, até janeiro deste ano.

O Censo Nacional tem por objetivo subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas públicas brasileiras. Segundo o levantamento, em 420 municípios as BPMs foram extintas, fechadas ou nunca existiram.

O MinC - por meio da Fundação Biblioteca Nacional, com recursos do Programa Mais Cultura - em parceira com as prefeituras municipais, promoverá a implantação ou reinstalação dessas bibliotecas, com a distribuição de kits com acervo de dois mil livros, mobiliário e equipamentos no valor de R$ 50 mil/cada, totalizando R$ 21 milhões. As BPMs receberão, ainda, Telecentros Comunitários do Ministério das Comunicações.

Região Sul tem mais bibliotecas por 100 mil habitantes

O Sul é a região brasileira com mais bibliotecas por 100 mil habitantes (4,06), seguida do Centro-Oeste (2,93), Nordeste (2,23), Sudeste (2,12) e Norte (2,01). Tocantins (7,7 por 100 mil) é a unidade da federação com melhor índice, bem à frente das demais: Santa Catarina (4,5), Minas Gerais (4,1) e Rio Grande do Sul (4,0). Entre os piores índices estão Amazonas (0,70), Distrito Federal (0,76), Rio de Janeiro (0,86), Acre (1,44), Pará (1,60) e São Paulo (1,62).

Já o município brasileiro com maior número de bibliotecas neste quesito é Barueri/SP (4,07 por 100 mil habitantes), seguido por Curitiba/PR (2,97) e Santa Rita/PB (2,36). Entre os piores índices estão Fortaleza/CE (0,03), Manaus/AM (0,05) e Salvador/BA (0,06).

Segundo a pesquisa, a região Sudeste é a que possui mais municípios com bibliotecas abertas (92%), seguida do Sul (89%), Centro-Oeste (81%), Norte (66%) e Nordeste (64%).

O Distrito Federal, com apenas uma cidade (Brasília), é a unidade da federação que tem mais municípios com bibliotecas (100%), seguida pelo Espírito Santo (97%) e Santa Catarina (94%). O Piauí (34%) e o Amazonas (37%) têm os menores percentuais.

O Nordeste do país é a região que receberá mais kits do governo federal para a implantação de bibliotecas: 161 municípios, seguida pelo Sudeste (104), Sul (67), Norte (51) e Centro-Oeste (37). As cidades que não receberão kits já estão reabrindo ou implantando suas bibliotecas.

Capitais têm índices baixos de bibliotecas por 100 mil habitantes

De uma lista com 263 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, as capitais têm índices mais baixos. A exceção é Curitiba (2,97). A 2ª melhor no ranking é Palmas/TO (1,06) – mas está em 28º na lista, enquanto a 3ª é Brasília/DF (0,76) – 100ª colocação. Todas as demais capitais ficam abaixo desta colocação. A única capital que não possuía BPM aberta na ocasião da pesquisa era João Pessoa/PB. O prédio encontrava-se em reforma e a BPM já havia recebido kit de modernização do Programa Mais Cultura.

Maioria usa biblioteca para pesquisa escolar

Em todo o país, os frequentadores das bibliotecas municipais vão aos estabelecimentos para fazer pesquisas escolares (65%), pesquisas em geral (26%) e para o lazer (8%). Os nordestinos e os nortistas registram a maior frequência para pesquisa escolar (75%), enquanto os usuários do Sudeste são os que mais frequentam para o lazer (14%). Entre os estados em que o uso da biblioteca para pesquisas escolares é maior está o Amapá (91%) Por sua vez, os frequentadores de São Paulo são os que mais vão às bibliotecas para o lazer (22%).

Os assuntos mais pesquisados nas bibliotecas são Geografia e História (82%); Literatura (78%) e obras gerais – enciclopédias e dicionários – (73%). Neste quesito, a resposta era de múltipla escolha e, portanto, a soma é superior a 100%.

Usuário visita biblioteca cerca de duas vezes por semana

Segundo o levantamento, a média de visita ao estabelecimento é de 1,9 vez por semana. Os moradores do Nordeste são os que mais frequentam bibliotecas municipais (2,6 vezes por semana), enquanto a média do Sul e do Sudeste é a mais baixa (1,6 por semana). Norte e Centro-oeste têm frequências de 2 e 1,8 vezes por semana, respectivamente.

Roraima é o destaque, com ida de 4,1 vezes por semana, seguida por Pernambuco (3,7) e do Distrito Federal (3,5). Os piores índices de frequência ocorrem no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe (ambos com uma vez por semana).

Origem do acervo da maioria das bibliotecas é doação

O acervo da maioria das bibliotecas é constituído por doação (83%). O Nordeste é a região onde as doações são maiores (90%), seguido pelo Sudeste (85%) e Centro-Oeste (84%). Por outro lado, o Sul tem o maior índice de compra de acervo (28%), seguido pelo Norte (19%).

Na média brasileira, a maior parte das bibliotecas tem acervo entre 2 mil e 5 mil volumes (35%). Nas demais faixas: até 2 mil volumes (13%), entre 5 mil e 10 mil (26%) e mais de 10 mil (25%). É no Sudeste que se concentra a maior quantidade de bibliotecas com acervo superior a 10 mil volumes (36%). Por outro lado, a maior quantidade de bibliotecas com até 2 mil volumes está concentrada no Norte (25%).

Sudeste lidera média de empréstimos de livros

A média nacional de empréstimos domiciliares é de 296/mês. Os moradores do Sudeste são os que mais fazem empréstimos (421/mês), seguidos do Sul (351/mês), Centro-Oeste (157/mês), Nordeste (118/mês) e Norte (90/mês).

Entre os estados, São Paulo faz mais empréstimos (702/mês), seguido do Distrito Federal (559/mês) e Paraná (411/mês). As menores médias ocorrem no Amapá (11,7/mês), Tocantins (43,5/mês) e Maranhão (52/mês).

Menos de 10% das bibliotecas oferecem serviço para pessoas com deficiência

Apenas 9% das BPMs oferecem serviços para deficientes visuais (audiolivros, livros em Braille, etc.). No caso dos serviços especializados para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos, o índice cai para 6% das bibliotecas.

Apenas 24% das bibliotecas funcionam à noite e 1% aos domingos

A grande maioria dos estabelecimentos funciona de dia, de segunda à sexta (99%). Somente 12% abrem aos sábados e 1% aos domingos. O Sudeste é onde existe um percentual maior de bibliotecas que funcionam aos sábados (14%), seguido do Centro-Oeste (13%), Sul (12%), Norte (11%) e Nordeste (6%).

À noite, 24% dos estabelecimentos estão abertos. No Nordeste é onde está a maior parte das bibliotecas que funciona à noite (46%), seguida do Norte (28%), Centro-Oeste (21%), Sul (18%) e Sudeste (12%).

Quase metade tem acesso à internet

A pesquisa da FGV revelou também que 45% das bibliotecas têm computadores com acesso à internet. O Sul concentra o maior percentual de estabelecimentos com acesso à internet (65%), enquanto o Norte tem o menor (20%). No entanto, em apenas 29% das BPMs do país os usuários têm acesso direto à internet. Mais uma vez o Sul lidera este item (45%), enquanto o Norte tem a menor quantidade (15%).

Maioria desenvolve programação cultural

A maioria das bibliotecas oferece alguma atividade cultural (56%). Entre os serviços prestados a seus usuários, o mais recorrente é a Hora do Conto – ocasião em são contadas histórias para as crianças e jovens. Este serviço é oferecido em 29% dos estabelecimentos. Já 25% promovem oficinas de leitura e 24% realizam roda de leitura.

Dirigentes são mulheres e têm nível superior

O levantamento mostra que 84% dos dirigentes das bibliotecas são mulheres. Em Santa Catarina, Acre e no Rio Grande do Norte o índice chega a 90%, seguidos por Paraná (88%) e Pernambuco (87%). A maioria dos dirigentes tem nível superior (57%). O Acre é onde o grau de instrução é maior (80%) e o Amapá, a menor (27%).

Na média nacional, as BPMs têm 4,2 funcionários – o Nordeste tem o maior índice (5,7), seguido do Norte (4,5), Sudeste (4,1), Centro-Oeste (3,5) e Sul (3,0). O Distrito Federal é a unidade da federação com a maior quantidade de funcionários (8,1) e Santa Catarina é a que tem a menor (2,4).
 
Fonte: PublishNews

sábado, 1 de maio de 2010

Aprendendo a cuidar do planeta com os livros

Começou mais uma etapa do projeto sócio-educacional “ECO Interação Eu Sou 10”, promovido pela ECO Business - Feira e Congresso Internacional de Econegócios e Sustentabilidade. Trata-se do “Lendo e Educando pela Sustentabilidade”, que atinge cerca de 1.435 crianças entre 2 e 5 anos, de três instituições de educação infantil: Creche Municipal Helena Iracy Junqueira, EMEI Dona Leonor Mendes Barros e EMEI Casimiro de Abreu, todas localizadas no entorno do Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo, onde ocorre a feira todos os anos (em 2010, será entre 31 de agosto e 2 de setembro). O objetivo do projeto é possibilitar o desenvolvimento de um pensamento mais crítico diante os problemas do mundo, por meio de ações lúdicas, como a contação de histórias voltadas à preservação ambiental.

Fonte: PublishNews