segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O uso do Twitter leva a novas redes sociais

Com o aumento de seguidores e seguidos no timeline do Twitter de cada um, os posts duram cada vez menos. É daí que se expande.

O público que segue as celebridades virtuais é rápido e exigente. Funciona de forma independente, altamente crítica e eficiente. A fama acontece através de pequenas e sintéticas frases e pensamentos com opiniões sobre os mais variados assuntos.

Um mundo onde a melhor e mais estruturada ideia ganha notoriedade imediata, que pode ser duradoura se o famoso souber ser constante em imaginação e síntese.

A regra do amado e odiado microblog é clara: tenha muita criatividade, poder de síntese e boa escrita em 140 caracteres e receba totalmente grátis novos seguidores. Caso não consiga atingir esta meta, seus seguidores cairão na mesma proporção que aumentaram… é uma sociedade difícil de agradar e, ao mesmo tempo, mais facilmente conquistável… antitético, não?

Nas minhas constantes “tuitadas”, percebo que o comportamento dos usuários é por origem, no formato de redes de interesses mútuos mas ao mesmo tempo, pela dinâmica tão acelerada, acaba sendo mais diversificada do que se imagina para os padrões que criam e definem redes sociais.

Tudo bem, já disse que a sociedade do Twitter (enquanto rede social) é, de certa forma, elitista mas facilmente conquistável. E também que a rede de interesse que o Twitter gera é uma rede diversificada. Vou explicar.

Universo mais lento

Acompanhem meu raciocínio: em um site de conteúdo social, como Orkut ou Facebook, você está lá, com seu perfil graaaande e explicadinho. Por exemplo: sei que a Pessoa X é uma publicitária adoradora de Bob Esponja (exemplo baseado em fatos reais), pois freqüenta comunidades e deixa claro em seu perfil todas estas particularidades.

Sei também que posso encontrar pessoas que seguem a mesma trilha e os assuntos abordados destas pessoas em comum serão facilmente “tangíveis” dentro deste universo mais lento, em que posso ter uma continuidade de assunto através de um fórum que crio, listas de discussões ou mesmo postagens em murais que comportam muito mais que 140 caracteres.

Quando aumentam seguidores e seguidos

No Twitter a coisa segue a mesma trilha (mídia social, achar amigos, compartilhar histórias e aquele blábláblá todo que já cansamos de saber). Porém a curva desvia deste formato quadrado de grupos no momento em que a progressão de aumento de seguidores e seguidos é proporcional à diminuição de tempo de exibição do micropost.

O que em primeiro momento era de sintonia com a similaridade dos assuntos buscados pelo novo usuário da ferramenta perde o foco de informações em rede.

Eu te sigo porque postou algo sobre Bob Esponja, mas nada garante que eu não leia assuntos que vão desde “Receitas para beber mais água” até “A natureza volátil do pensamento”.

Agora imagine que eu sigo 245 pessoas nesta frenética rapidez do Twitter, e cada uma segue e “retuita” mais 300 pessoas… me veio a imagem da Rua 25 de março (SP) em época de comércio aquecido…

Entendeu a complexidade da rede social “tuítica”?

diagrama-twitter
As mais habilidosas aranhas ficariam confusas com esta tecelagem. O que vale aqui é a rapidez e qualidade da informação. Como estamos falando de grandes demandas, eu posso ler vários assuntos, inclusive sobre “Fiuk” se eu não tomar providências (não permitir mais aparecer na minha timeline o “retuite” alheio ou resolva fazer uma superliquidação com unfollow).

Cauda longa

A elite que é super legal #medo. Aquele grupinho fechado com um pessoal super cool que retém a opinião não existe no Twitter. O fato de haver tantos tipos de formadores de opinião dentro da ferramenta faz com que todos os tipos de “hits do momento” apareçam na timeline.

Pegando um gancho do parágrafo acima e lembrando que a rede de interesses, no formato coeso que blogs e outras mídias permitem, se rompe à medida que aumenta a quantidade de seguidores/seguidos e diminui o tempo de exposição dos posts. Com esta característica, dá para termos uma ideia bem clara sobre como fica dificil existir uma elite mais fechada.

O que nos sobra para chamar de elite são vários focos que emitem um certo poder no que diz respeito a alguns nichos de assunto (algo beeeem… mas beeeeeeem parecido com uma cauda longa), e como isto é muito numeroso, torma mais fácil a chegada, do até então “simples mortal digital” ao galho da árvore.

Fonte: Webinsider

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Internet ainda é coisa de rico

Não se pode falar de democratização de acesso à internet enquanto não conseguirmos vencer os pífios e estagnados 25% de acesso domiciliar.

Todos os dias, pipocam pesquisas sobre a internet no Brasil. Em parte, síndrome de primo pobre que precisa esbanjar; em parte, complexo de filho do meio, entre o xodozinho da mamãe e o filho pródigo do papai.

É evidente que temos particularidades, que somos mais pujantes do que parecemos, que precisamos de muito esforço para enxergar através da nuvem de preconceitos mal assumidos que banham o país. No entanto é importante não perdermos a lucidez por trás da pílula dourada para gringo ver.

E toda pesquisa sobre internet no Brasil se utiliza do discurso favela-chic para iniciar suas presumidas quebras de paradigmas: a classe C constitui a massa de pessoas interneticamente incluídas. Também pudera. O Brasil é classe BC. Só falamos em classe AB porque não tem como juntar a A com nada já que ela é tão pequena que sumiria das nossas pesquisas. Criamos essa quimera de que existe uma classe AB que é diferente da classe C. No fundo existe uma classe BC, colossal, que é diferente da A. E a A não interessa a nenhum segmento econômico relevante.

Pois se é a classe C que interessa, é natural que a internet só possa existir se ela puder atingi-la. Nem se trata mais de um chiste no preconceito da elite porque essa tal classe é hipercool. Nem gringo paraquedista se impressiona mais com a imagem das favelas que cercam o condomínio de alto luxo.

Mas a verdade que carecemos enfrentar hoje, vencido o deslumbre, é que os maiores pontos de acesso à internet no país são fora de casa, porque é lá que a tal da classe C pode, consegue, tem grana, para acessar. E não se poderá falar de democratização de acesso à internet enquanto não conseguirmos vencer os pífios e estagnados 25% de acesso domiciliar.

O acesso fora de casa tem particularidades importantes, e uma das maiores é o tempo tarifado. Pessoas que acessam a internet fora de casa têm menos tempo ou o tempo delas custa (caro).

Quem já viu o comportamento típico de uma pessoa que acessa a internet numa lan-house entende: muitas janelas simultâneas e foco dividido. Ler, nem pensar, ver vídeos de mais de 10 minutos, nem pensar, pesquisar a fundo, nem pensar. Já que o tempo custa, melhor fazer o que instintivamente importa, ou seja, xavecar nas redes.

E mais, se correlacionarmos por exemplo a compra online com o local de acesso, iremos imediatamente verificar que as pessoas não compram na internet (ou muito pouco) fora de casa, por razões óbvias (tempo de comparação, receio da falta de segurança dos meios de pagamentos etc.).

É mais do que hora de pararmos com as excitações precoces: o Brasil é surpreendente mas estamos longe de ser um país digitalmente maduro. Muito longe.

Fonte: Webinsider

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Leitura em rede

É mais fácil encontrar uma roda de conversa sobre cinema, música e novelas de TV. Quanto a livros, bem... Num país em que o Ministério da Educação aponta a média anual de leitura como de 4,7 livros (incluindo a Bíblia e didáticos), sendo 1,3 o número de obras lidas anualmente por vontade própria, quem lê encontra uma certa dificuldade para incluir a literatura nos bate-papos. Mas é aí que a internet pode dar uma bela força para essa tribo. A rede social Skoob é um exemplo. Nela, o internauta faz um cadastro gratuito e lista as obras que leu ou que vai ler e os comentários, opiniões e resenhas sobre os títulos que examinou.

O estudante Luan Sperandio, 18 anos, de Cariacica, é um dos que se renderam ao site nacional há dois meses, por indicação de uma amiga. "A estrutura é simples, leve e prática. Além disso, o Skoob torna o ato de ler mais dinâmico e social, porque você interage com pessoas que possuem o mesmo hábito", aponta. O grande barato, aponta o rapaz, é estar a par do que os outros leem para trocar ideias e sugestões. Isso incentiva a se ler mais. "O site estimula porque combina algo moderno, como uma rede social, a um ato que pode ser encarado como entretenimento", afirma.

Conheça o Skoob

Esse incentivo é uma realidade para a estudante Karine Marinho, 15, de Vila Velha, há seis meses no site. "Sempre tive como hobby a leitura, mas confesso que, depois que entrei no Skoob, aumentou o número de livros que me interesso em ler", relata. Leitora de romances, literatura fantástica e tramas de mistério, Karine diz que a rede social a coloca em contato com pessoas que têm outras afinidades literárias. Isso pode despertar sua curiosidade a se aventurar em outros estilos. De outra forma, acha que seria complicado. "Considero mais difícil falar sobre livros no ?mundo real?, já que as pessoas ainda têm um grande preconceito com a leitura, considerando-a uma obrigação e não uma forma de lazer", sintetiza.

O acupunturista Felipe Abreu, 26, de Vila Velha, elogia a rede por permitir conhecer novos autores. Ele a conheceu por meio do Twitter e está nela há dois meses. "Eu já tinha o hábito de leitura desde a infância com histórias em quadrinhos e livros da ?Série Vaga-Lume?", relembra. Ele hoje curte romances e autores como Will Self, Chuck Palahniuk, Cormac McCarthy e José Saramago. E está aberto a sugestões.

Sucesso

A turma do Skoob não para de crescer. Os chamados "skoobers" já chegam a 275 mil usuários, segundo Viviane Lordello, uma das responsáveis pelo site. Criado em janeiro de 2009 pelo analista de sistemas Lindenberg Moreira, 32 anos, o espaço atendeu a um grupo de amigos que queriam uma alternativa on-line para falar de livros. Acabou superando as expectativas. "Achamos que iria ficar restrito a este grupo. O esperado era ter, no máximo, cinco mil usuários até o fim de 2009. Porém, fechamos o ano com 125 mil. Foi quando percebemos que muita gente esperava ter um lugar assim", comemora Viviane.

Satisfeita com a repercussão positiva, ela acredita que o Skoob pode colaborar no processo educativo. "Temos casos de professores que estão utilizando a rede com sucesso para criar esta paixão em seus alunos. Acreditamos que o Skoob possa ser mais uma ferramenta neste sentido e ajudar bastante no incentivo à leitura", acredita. O país que quer ler mais do que 1,3 livro por ano agradece.

Os "skoobers"

O nome

A rede é brasileira. O nome é a palavra "books" ("livros", em inglês), ao contrário.

Números

São 275 mil usuários até o momento.

Perfil dos "Skoobers"

65% são mulheres, 43% estão entre 15 e 25 anos e 41% dos usuários são de São Paulo.

Os livros

Há de tudo indicado pelos "skoobers". De literatura clássica a autoajuda. Na lista dos mais lidos, as sagas de Harry Potter e de "Crepúsculo" lideram as indicações.

Como se cadastrar

Vá para http://www.skoob.com.br/ e faça seu cadastro gratuito a partir de seu e-mail. Você terá uma página própria em que poderá inserir suas leituras, livros e autores favoritos. Poderá deixar comentários e até fazer resenhas e críticas literárias. E se fizer parte de Facebook, Twitter, Orkut ou de outra rede social, ela poderá ser associada a sua página.


Fonte: Globo.com