quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Leia um livro e ganhe dinheiro

Basta dar uma olhada nas prateleiras das livrarias ou na lista de livros mais vendidos para imaginar que obras de finanças pessoais e empreendedorismo estão em alta. Está em expansão o setor que reúne títulos como "Pai Rico, Pai Pobre" (Ed. Campus, 2002), de Robert Kiyosaki e Sharon L. Lechter; "Os Segredos da Mente Milionária" (Sextante, 2006), de T. Harv Eker; "As Mulheres e o Dinheiro" (Nova Fronteira, 2009), de Suze Orman; "O Milionário que Existe em Você" (Ed. Record, 2000), de Victor Zaremba, e "O Assunto é Dinheiro" (Saraiva, 2006), de Carlos Alberto Sardenberg e Mara Luquet, entre tantas outras obras que ensinam a administrar o seu dinheiro.

Em 2009, a área de economia, administração, negócios e finanças produziu cerca de 3,8 milhões de exemplares de livros, segundo levantamento da Câmara Brasileira do Livro. Mas esse número ainda representa uma participação pequena no mercado, considerando todos os seus setores: 0,98%. Não é possível comparar os dados com o de anos anteriores, pois a CBL modificou a metodologia de pesquisa de 2008 para 2009 para aperfeiçoar o levantamento. Mas alguns profissionais do ramo confirmam que o setor está aquecido.

Para Roseli Boschini, vice-presidente da editora Gente, o brasileiro vem desenvolvendo uma maior consciência sobre seus gastos. "A gente vê jovens com essa preocupação", diz. Para ela, isso se deve ao crescimento econômico. Mais pessoas se formam em nível superior e uma parcela da população está sendo melhor remunerada. Assim, sobra mais dinheiro para investir. Só com os oito títulos do setor que tem em seu catálogo, a editora já vendeu 971 mil exemplares desde 2003, grande parte deles (840 mil) do best-seller "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", de Gustavo Cerbasi.

Em contrapartida, abalos na economia mundial podem, igualmente, afetar o setor. Segundo Igdal Parnes, diretor da editora Campus-Elsevier, em 2008 o número de publicações da área de finanças foi um dos melhores em muitos anos, mas o segmento sofreu com a crise mundial daquele ano. Para Parnes, esse é um setor de alto risco por contar com muitas publicações no mercado. "Cautela é a palavra de ordem na hora de eleger um título para publicar", afirma o diretor da Campus, que conta com 100 obras nessa área.

Mas, mesmo com a crise, a demanda ainda existe. Segundo o consultor e professor José Dornellas, o controle da inflação há pouco mais de uma década atrás permitiu que a população passasse a poupar. "As pessoas estão perdendo o medo de investir", diz Dornellas, autor de "Empreenda nos Finais de Semana (e Fique Rico)", entre outras obras publicadas pela editora Saraiva, que de janeiro a agosto de 2010 havia vendido 76.375 exemplares dos 47 títulos do setor de finanças em seu catálogo.

Dornellas diz que vem percebendo uma demanda principalmente da classe C por esse tipo de informação financeira. São pessoas que pretendem abrir seu próprio negócio: salões de beleza, restaurantes e lojas, incentivadas pelo aumento do poder de compra nesse setor da população.

O educador Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DiSOP de Educação Financeira e autor de títulos como "Terapia Financeira" (Ed. Gente, 2008), concorda que a melhora na situação econômica do país ajudou a puxar o interesse dos leitores. Mas alerta: para ele, o mercado está cheio de obras repletas de jargões e lugares comuns. "A verdadeira educação financeira é mais profunda, e envolve um processo de mudança comportamental", diz Domingos, que idealizou, em 2009, a primeira coleção de livros didáticos de educação financeira para o ensino básico do país e já realizou programas de capacitação de professores em 30 escolas particulares pelo Brasil.

Para separar o joio do trigo, José Dornellas sugere pesquisar o histórico do autor antes de investir seu dinheiro em uma obra que promete maravilhas para o seu bolso. "Às vezes livros bons não vendem muito, e nem sempre os best-sellers são os melhores",

Fonte:  Yahoo

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