domingo, 1 de maio de 2011

As três dimensões da informação (e a que interessa)

Existem incontáveis informações em circulação ao nosso redor e entender as diferenças entre elas ajuda a se gastar menos tempo para se ter muito mais.

Costumamos classificar as informações como um único grande bolo: apesar de existirem diversos sabores e recheios, consumimos tudo sem saborear, sem diferenciar cada tipo distinto.

Tenho pensado bastante nisso – e mais ainda agora, enquanto preparo meu novo curso sobre como lidar melhor com a explosão informacional em curso. Pois bem, acredito que temos três dimensões da informação:

Informações factuais. As coisas que acontecem no mundo, mortes, nascimentos, acidentes, compras, vendas, golpes, eleições, etc. As informações factuais nos enredam e perdemos a maior parte do tempo com elas. São diversos documentos, planilhas, relatórios e notícias e esses nem sempre seguem alguma lógica ou possuem base útil para as nossas atividades rotineiras. Acompanhamos fatos por meio da mídia, das redes sociais e – quase sempre – nos perdemos neles.

Informações teóricas. São aquelas que lidam com os fatos para lhes dar algum significado. Abordam questões de sobrevivência, de classificação de diferentes fenômenos. São importantes para nos ajudar a sobreviver no mundo e a compreender as coisas. Elas estão dentro de uma filosofia mais generalizada. Dão formas as estruturas ao nosso redor, apesar de nem sempre percebermos isso. São análogas aos softwares, aos aplicativos.

As informações teóricas guiam nossas práticas, mudam mais constantemente e estão intrinsecamente ligadas às decisões tomadas durante a nossa vida, afinal, nossas ações sempre são baseadas em alguma teoria. Esse tipo de informação é mais abordado em universidades e nas pós-graduações, apesar de ser pouco analisado durante o dia-a-dia. É como se estivesse gravado no nosso subconsciente.

Informações filosóficas. Aquelas que consolidam teorias para gerar algum significado. Tratam de questões do ser, das simbologias, da nossa relação com o desconhecido, com Deus ou poderes superiores, com a morte, etc. O famoso questionamento “ser ou não ser’ exemplifica muito bem esse perfil.

As informações filosóficas são constituintes, pouco mudam, estão coladas na nossa “placa mãe”, são invisíveis e são da ordem da superestrutura, mexem com movimentos macros. Abordamos pouco na escola, não temos tempo para elas no dia-a-dia, apesar de serem as nossas guias. São consideradas até mesmo verdades absolutas, nossa filosofia de vida, nossa religião, nossa maneira de pensar, quando, efetivamente, foram apenas construções de um coletivo de pessoas.

Ou seja, gastamos muito tempo com fatos, pouco com teoria e quase nada com filosofia.

Uma situação problemática

Quando há uma revolução da informação, como consequência acontece uma explosão informacional. Então, sugere-se inverter o triângulo e gastar mais tempo para compreender as filosofias, que abrangem as teorias e essas nos ajudam a analisar os fatos.

Analisar fato funciona em momentos de estabilidade, quando a lógica está consolidada, mas sempre existem abalos nas rupturas, como a que vivemos com a chegada da Internet. Nestes momentos, a filosofia nos ajuda a entender as diferentes teorias e com isso podemos ordenar melhor os fatos para perder menos tempo com o que é interessante, mas pouco relevante.

Conseguir resolver a crise informacional em curso é poder dedicar mais tempo na reflexão sobre as filosofias macros, pois elas estão em plena evolução. Ou melhor, são as bases das grandes mudanças em curso.

São estas mudanças que vão separar os modismos (fatos/teorias) das grandes alterações nos paradigmas. Será preciso rever as teorias para assim compreender melhor os fatos.

Isso se torna mais evidente e necessário em uma revolução informacional, pois essa descortina a falta de compreensão dos fatos e nos força a rever teorias. Dessa maneira fica evidente que nossas bases filosóficas não são nossa maneira de pensar, mas um arcabouço construído que deve ser reavaliado para rever teorias e, por fim, conseguir analisar melhor os fatos.

Tudo com o propósito de se gastar menos tempo para se ter muito mais.

Fonte: Webinsider

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